quarta-feira, 6 de julho de 2016

Uma estória comum, uma menina comum - Vivendo o Verbo



Havia uma menina, que como toda criança nasceu bem pequena e inocente, mas por um acaso desses da vida perdeu os movimentos dos braços e das mãos.

Por algum tempo ela precisou ser ajudada, mas logo, até que por uma forma de adaptação e sobrevivência, seu Cérebro começou a mandar comandos para o corpo para que suas pernas e pés agissem também como braços e mãos, além claro, das funções naturais que lhes cabiam.

E foi assim durante um longo tempo. Ela conseguia andar e também apanhar coisas, se alimentar com o auxílio das pernas e pés. Até que muitos anos depois, não se sabe porque motivo, os seu braços e mãos deram sinal de movimento. Apesar da menina ser extremamente hábil com os pés para tudo, os braços e mãos depois de tanto tempo de inatividade estavam só engatinhando, mas como era de ser natural, pois para exercer a função de braço e mão para um braço e mão, naturalmente seria uma questão de tempo, e logo isso aconteceu.

Mas algo estranho ocorreu, coisas daquelas que acontecem com corredores de longa distância, depois dos primeiros 10km, você não pensa muito qual pé vai pôr na frente, o corpo entra em um piloto automático. Então mesmo que o Cérebro mandasse, as pernas e pés insistiam em continuar fazendo o papel dos braços e mãos, até que chegou um ponto em que as pernas e pés tomaram conta do corpo. Mesmo que a cabeça virasse para direita, as pernas levavam o corpo para a esquerda, se as mãos tentassem fazer algo os pés faziam no lugar, não com a habilidade da mão, mas não era essa a intenção pés, habilidade não era o problema e sim não perder a função.

Até um dia em que a menina precisou ir a uma festa e o caminho que dava para o local tinha muitos empecilhos e obstáculos. Como era comum, ela andava sempre descalça, pois além de caminhar, quando era necessário fazer o papel de braços e mãos ficaria mais difícil com calçados.

Infelizmente aconteceu algo muito ruim, nesse caminho, a menina pisou em uma armadilha de espinhos e machucou os pés. Naquele momento só os braços e mãos poderiam tirar os espinhos pontiagudos cravados nos pés. E foi isso o que aconteceu, através dos braços e mãos ela conseguiu se desvencilhar da dos espinhos, e como não podia andar naquele momento os braços e as mãos arrastaram o corpo, até um lugar, mas próximo onde a menina pudesse ser socorrida.

Por coincidência havia um Grande médico na região. Ele tratou e sarou os pés e pernas, braços e mãos e tratou todo o corpo da menina, agora uma moça, até que cada membro pudesse entender o seu papel, pois dentro de um problema, que posteriormente se descobriu ser neurológico, e que afetava também o emocional, até o pescoço já iniciava seguir a direção dos pés, e não os comandos da cabeça.
Mas depois do tratamento tudo correu bem. Ainda hoje a moça e o médico mantem uma longa amizade, e ela sempre que passa em frente ao consulto faz questão de cumprimentar o médico: “Como vai Doutor?” ela pergunta, e Ele responde, “vou bem e você Eclésia?”.

A estória é uma mera ilustração, mas é pra fazer você reflexionar um pouco, qual é o seu papel nesse enredo?


Paulo Cesar Jr (apenas uma ovelha)