Havia uma menina, que como toda
criança nasceu bem pequena e inocente, mas por um acaso desses da vida perdeu
os movimentos dos braços e das mãos.
Por algum tempo ela precisou ser
ajudada, mas logo, até que por uma forma de adaptação e sobrevivência, seu Cérebro
começou a mandar comandos para o corpo para que suas pernas e pés agissem
também como braços e mãos, além claro, das funções naturais que lhes cabiam.
E foi assim durante um longo tempo.
Ela conseguia andar e também apanhar coisas, se alimentar com o auxílio das
pernas e pés. Até que muitos anos depois, não se sabe porque motivo, os seu
braços e mãos deram sinal de movimento. Apesar da menina ser extremamente hábil
com os pés para tudo, os braços e mãos depois de tanto tempo de inatividade
estavam só engatinhando, mas como era de ser natural, pois para exercer a
função de braço e mão para um braço e mão, naturalmente seria uma questão de
tempo, e logo isso aconteceu.
Mas algo estranho ocorreu, coisas
daquelas que acontecem com corredores de longa distância, depois dos primeiros
10km, você não pensa muito qual pé vai pôr na frente, o corpo entra em um
piloto automático. Então mesmo que o Cérebro mandasse, as pernas e pés
insistiam em continuar fazendo o papel dos braços e mãos, até que chegou um
ponto em que as pernas e pés tomaram conta do corpo. Mesmo que a cabeça virasse
para direita, as pernas levavam o corpo para a esquerda, se as mãos tentassem
fazer algo os pés faziam no lugar, não com a habilidade da mão, mas não era
essa a intenção pés, habilidade não era o problema e sim não perder a função.
Até um dia em que a menina precisou
ir a uma festa e o caminho que dava para o local tinha muitos empecilhos e
obstáculos. Como era comum, ela andava sempre descalça, pois além de caminhar,
quando era necessário fazer o papel de braços e mãos ficaria mais difícil com
calçados.
Infelizmente aconteceu algo muito ruim,
nesse caminho, a menina pisou em uma armadilha de espinhos e machucou os pés. Naquele
momento só os braços e mãos poderiam tirar os espinhos pontiagudos cravados nos
pés. E foi isso o que aconteceu, através dos braços e mãos ela conseguiu se
desvencilhar da dos espinhos, e como não podia andar naquele momento os braços
e as mãos arrastaram o corpo, até um lugar, mas próximo onde a menina pudesse
ser socorrida.
Por coincidência havia um Grande
médico na região. Ele tratou e sarou os pés e pernas, braços e mãos e tratou
todo o corpo da menina, agora uma moça, até que cada membro pudesse entender o
seu papel, pois dentro de um problema, que posteriormente se descobriu ser
neurológico, e que afetava também o emocional, até o pescoço já iniciava seguir
a direção dos pés, e não os comandos da cabeça.
Mas depois do tratamento tudo
correu bem. Ainda hoje a moça e o médico mantem uma longa amizade, e ela sempre
que passa em frente ao consulto faz questão de cumprimentar o médico: “Como vai
Doutor?” ela pergunta, e Ele responde, “vou bem e você Eclésia?”.
A estória é uma mera ilustração,
mas é pra fazer você reflexionar um pouco, qual é o seu papel nesse enredo?
Paulo Cesar Jr (apenas uma ovelha)